sábado, 18 de dezembro de 2010

Reis da Folia




Próximo sábado todos estaremos comemorando o Natal. Alguns por ser feriado, por ficar um dia em casa, de folga. Alguns por causa da ceia, farta. Outros por causa dos presentes. Mas em vários cantos do Brasil, centenas de pessoas começarão uma festa em nome da fé.

Na madrugada do dia 24 para 25. Na noite de sexta-feira, muitos estarão mantendo viva a tradição da Folia de Reis. E até o dia seis de janeiro, eles irão pelas ruas, visitando casas, abençoando todos que estão por perto.



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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Saideira





- E aí, vamos brindar o quê hoje?
- Ah, rapaz, hoje eu não vou brindar, não. Morreu um conhecido da família.
- É mesmo? Que pena... Quem foi?
- Na verdade ele nem era muito próximo. Ele era primo da mãe da minha esposa. Mas sabe como é, né, família...
- Entendo... E ele morreu de quê?
- Parece até mentira, rapaz, mas o homem tava jantando, quando de repente foi parar com a cabeça dentro do prato. Dizem que foi coração.
- Que coisa!
- O homem era novo ainda. Deixou uma filha de nove anos.
- Como é que são as coisas... Você tá lá, vivo, e num segundo depois, morto.
- Mas não tem jeito. Disso ninguém escapa.
- Só que você viu lá nos Estados Unidos? Eles estão inventando um monte de forma de fazer com que as pessoas vivam pra sempre. É DNA, células-tronco, clonagem, até congelar as pessoas eles estão congelando.
- E nenhuma deu certo, ainda. Acho que eles inventam isso pra ganhar cada vez mais dinhe... Ei, garçom, traz mais uma gelada, aí... Do que que a gente tava falando mesmo?
- De morrer. Você já pensou em como que deve ser depois da morte?
- Já. Até sonho com isso às vezes. Fico pensando se lá é igual aqui. Com as mesmas pessoas, lugares parecidos. Sei lá, acho que deve ser uma continuação do que fazemos hoje.
- Ih, rapaz, isso tá parecendo papo de religioso... Ó o garçom aí. Trouxe gelada desta vez, né? Porque a última foi de amargar.
- Você falou em religião e tem hora que eu penso em voltar pra igreja mesmo.
- Qual igreja?
- Sei lá. Qualquer uma. Todas elas te levam pro céu.
- Isso é verdade.
- Mas eu fico pensando, será que vou morrer sem nunca ver meu time sendo campeão? E pelo jeito que tá, mesmo sendo um Matusalém eu não teria essa alegria.
- Isso é fácil, torce pro meu time.
- Nem morto!
- Tá vendo, pra tudo tem saída. Você é quem decide. Agora, se você quer ser sofredor pra sempre, aí não é problema m...
- Espera. Que horas são?
- Onze e quarenta.
- Minha nossa! Tenho que ir, senão minha mulher me mata.

domingo, 22 de agosto de 2010

Papo de Homem




- Cara, diz aí, não precisa ter vergonha, de qual tipo você gosta mais: apertadinha ou folgadona?
- Ah, sei lá. Eu não ligo muito para isso. O que me importa é ter uma.
- Não, essa resposta não vale. Por exemplo, atualmente?
- Atualmente? Apertada.
- Por quê?
- Porque eu gosto de tudo bem junto, sem precisar ficar me ajeitando ou procurando a melhor posição.
- Sei não, ultimamente to preferindo as mais largas.
- Mas as largas já estão velhas, usadas.
- É, mas as novinhas de tão apertadas acabam machucando.
- Machucam só no começo. Depois da segunda vez já melhora muito, você nem sente incômodo.
- Ainda prefiro as mais velhas...
- Eu to achando que você está escolhendo o tamanho errado. Não seria melhor você procurar uma maior para você?
- Nunca pensei nisso.
- Então, pode ser esse o problema. Agora, a cor? Branca ou preta?
- Pretas. São mais discretas.
- Discretas? Com as pretas, qualquer descuido elas aparecem e chamam atenção. Prefiro as brancas.
- Ah, não. Brancas são muito vulgares. Quando ficam molhadas então? Dá até vergonha.
- Você envergonhado? Nem imagino.
- Nessa questão você pode até me chamar de racista. Não consigo ficar com uma branca.
- Tudo bem. Gosto não se discute.
- E qual marca você gosta mais?
- Bem, para mim marca não importa. Cueca é tudo igual.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O pré-sal é nosso, as assessoras não




Não sei se vocês estão sabendo das últimas sobre economia e política do Espírito Santo, mas acho que todos aqui já ouviram falar do pré-sal. Ao que parece, ou nos fazem acreditar que, este petróleo encontrado em alto mar pode ser a solução para muitos problemas das regiões onde o extraem.

Agora, engana-se quem acha que esse assunto é exclusividade de terras capixabas. Dias desses o Governo Federal sancionou um decreto de lei criando a Pré-Sal S.A., empresa com o fim de administrar toda exploração e venda deste mineral. Se a questão se resumisse a isso seria ótimo. Acontece que políticos espertalhões, demagogos também, aproveitaram o tema para fazer uma grande média com seus colégios eleitorais.

Tem deputado e senador por aí dizendo que os royalties desse produto, abundante em mares do Rio de Janeiro e Espírito Santo, devem ser divididos com os outros vinte e cinco Estados da Federação. Tem lugar que nem é banhado pelo Atlântico.

Para discutir esse impasse, a Câmara de Vereadores de Vitória reuniu o alto escalão da cidade. Líderes comunitários, empresários, secretários municipais, prefeito e as assessoras de imprensa. As assessoras são imprescindíveis. Bem, havia uma quantidade grande delas, mas durante aquelas intermináveis horas de discursos não consegui atentar a nada além daquela jornalista que acompanhava algum dos palestrantes.

Salve Nossa Senhora da Penha, padroeira das jornalistas! Que sempre conserve esse um metro e sessenta centímetros de pura beleza e elegância. Nem me importa sua competência em assessorar políticos. O que vale é aquela pele clara, olhos verdes, cabelos castanhos, corpo sinuosamente desenhado e coberto por um vestido que abre um decote que me castiga pelo corte que fica no limite entre o sensual e o conservador.

Certamente foi ela o motivo do candidato a governador descer da mesa de honra para cumprimentar algumas pessoas da plateia e a dar dois beijinhos naquela face discretamente maquiada. Sim, leitores, aquele político desceu duas vezes a tribuna, apertou muitas mãos e na vez dela fazia questão do cumprimento mais próximo. Não o recrimino, pelo contrário, o invejo. Por alguns minutos quis ser um político importante. Mas sobre o quê estávamos falando mesmo? Ah, sim, o pré-sal. Nada foi resolvido. Nada foi explorado em alto mar e continuamos tão longe das riquezas daqueles poços de petróleo quanto a mim daquela linda assessora de imprensa, de olhos verdes, pele clara, curvas, muitas curvas e um decote.

terça-feira, 13 de julho de 2010

No meio da Comida tinha uma Pedra

- Olha isto aqui! É uma brita! Meu dente, olha meu dente. Quebrou?
- O que que foi?
- Olha o tamanho desta pedra que estava no meio do feijão. Mordi com tanta vontade que quase quebrei o dente.
- Reclama com o gerente, com o dono do restaurante.
- Dá vontade de fazer isso mesmo...
- Esquece. Hoje não é seu dia de sorte. Come isso logo porque já estamos atrasados.
- Tudo bem, mas que dá vontade de reclamar, isso dá.
- Voltando àquele assunto, o cinema está combinado na quarta-feira, né?
- Claro que sim, estou aguardando esse filme há um temp... (mão na boca e olhos arregalados).
- O que foi? Mordeu a língua?
- Olha isto. Outra pedra. Ah, não, desta vez vou reclamar.
 Chega à recepção do restaurante para falar com a gerente. Como espectadores, dezenas de clientes que aguardam a vez para almoçar.
- Moça, olha isto aqui. Duas pedras. Estavam no feijão. Quase quebrei meu dente. Toma, não quero isto. Este lugar está cada vez pior.
Volta à mesa.
- Pronto. Fui lá e deixei as pedras na mão dela. Todo mundo que estava na porta viu.
- Que situação mais chata. Duas pedras! Quanto azar! Mas termina esse prato logo, vai.
- Perdi a fome. Prefiro não arriscar. Pelo menos falei tudo o que aquela gerente precisava ouvir.
- E a gerente falou o quê?
- Falou nada. Segurou a pedra e tentou disfarçar do pessoal que estava na fila.
- Então você fez um barraco?
- Eu não tinha a intenção. Mas foi bom todo mundo ter visto, me vinguei do dia que ela não me deixou entrar porque o restaurante já estava no fim do expediente.
- Nossa, que situação, duas pedras no mesmo prato! Essa história ninguém vai acreditar (risos).
- É mesmo...
O cliente volta à recepção para falar com a gerente.
- Moça, me devolve a pedra.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Doação de Sangue


Vídeo produzido por alunos do curso de Jornalismo, da Universidade Federal do Espírito Santo.

sábado, 5 de junho de 2010

A História das Coisas

5 de Junho, Dia do Meio Ambiente.

Para lembrar esta data, segue um texto que faz um painel sobre o consumismo nosso de cada dia.

Obina é Seleção


O calendário marcava a segunda terça-feira do mês de Maio. Os jornais anunciavam a visita do Papa a Portugal, a campanha de vacinação contra a gripe H1N1, ladrões baratos sendo presos e outros fugindo, mas o fato mais importante do dia era a convocação dos vinte e três jogadores de futebol para a Copa do Mundo.

Foi consenso nacional de que ninguém concordava com os eleitos. Pediram mais jogadores habilidosos. Pediram menos volantes. Pediram um novo treinador. Pediram até que o Brasil não enviasse a seleção para a África do Sul. Achei tudo muito exagerado. Pessoas que ao menos sabem como se joga futebol palpitaram, tem gente que nem sabe o que seja um volante no futebol.

Para ser sincero não tenho muito que discordar. Senti falta apenas de um jogador. Creio que na Copa do Mundo de Futebol de 2010 todos sentirão falta do Obina. Sim, o Obina. Não sei como o Brasil fará para suprir a ausência desse atleta.

Tenho informações de que o time da Nigéria convocou, por via das dúvidas, dois Obinnas. Na grafia do nome eles têm o acréscimo de uma letra ene, quanto ao futebol ainda não sei como se portam. Imagino que os Obinnas deles não farão tanto efeito quanto nosso único representante desse nome tão peculiar.

Manuel de Brito Filho ou apenas Obina, fará falta à seleção por um simples motivo: é o único jogador folclórico em atividade no futebol brasileiro. Folclórico porque é o único capaz de levar o esporte para além dos noventa minutos de partida. O povo se identifica com ele. Faz gols decisivos, mas também fica vinte partidas sem marcar. Dribla, levanta a torcida, mas também chora quando perde. Leva para o gramado o sentimento daqueles que estão na arquibancada.

Em edições que o Brasil sagrou-se campeão, o treinador foi sábio bastante para convocar jogadores do tipo folclórico. No primeiro título, em 1958, tínhamos o goleiro Manga, que mal conseguia fechar as mãos por ter quebrado os dedos enquanto defendia. Em 1962, Garrincha, o craque das pernas tortas iludia as defesas adversárias. No tricampeonato de 1970, talvez o mais folclórico de todos os boleiros estava no banco do Brasil, Dadá Maravilha, aquele que parava no ar, o homem do peito de aço, sempre tinha uma frase para surpreender os jornalistas.

Passado vinte e quatro anos, o povo já não suportava mais a carência de títulos. No ano de 1994, o técnico Parreira teve que ceder ao apelo popular e convocou o baixinho Romário. Resultado, tetracampeonato e “o cara” eleito o melhor jogador do mundo. Daquele ano em diante o Brasil tornou-se novamente um país a se respeitar em Copas do Mundo. Em 1998 fracassou, trouxe apenas o vice-campeonato. Mas em 2002 o penta foi conquistado. Entre os titulares, Ronaldo, ainda o “Fenômeno”, fazia gols e aumentava seu carisma com o povo. Até cortou o cabelo no estilo Cascão para fazer uma graça. Só que os verdadeiros jogadores folclóricos estavam novamente no banco de reserva. Os baianos Edílson e Vampeta.

Edílson, o Capetinha, era o jogador que driblava, fazia gols e subia o alambrado para comemorar com a torcida. Adorava dar entrevistas e sempre estampava os jornais com uma frase de efeito, principalmente se a seu lado estivesse Vampeta. O homem que era uma mistura de vampiro com capeta é lembrado até hoje pela ousadia de descer a rampa do Palácio da Alvorada fazendo cambalhotas. Disse que foi para cumprir uma aposta.

Ao que parece, nenhum desses vinte e três homens que foram para a África do Sul terão a ousadia de dizer o que ninguém diz. Fazer gols e lembrar da torcida antes das câmeras. Quebrar a mão se preciso.

O esporte ainda é coletivo. Mas cada jogador está mais individualista do que nunca. Os milhões de dólares que cobram para mudar de time é muito mais importante do que os milhões de brasileiros que representam. Espero que o hexacampeonato venha, mas a comemoração seria muito diferente se o Obina estivesse lá.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Marvin, um brasiileiro




“A vida é pra valer, eu fiz o meu melhor e o seu destino eu sei de cor.”

Marvin mora no morro. Como tantos pelo Brasil, ele faz parte de uma parcela da população que tentam nos esconder. Seu bairro nunca foi cartão postal e seus amigos são notícia apenas quando figuram nas páginas policiais. A família de Marvin fez parte de uma pesquisa da ONU, descobriu-se que ele está em um grupo de seres humanos que sobrevive com menos de um dólar por dia. Resumindo, ele é pobre.

Seu pai cuida de toda a família. Trabalha dez, doze horas por dia. Faz serviços braçais. É um senhor sem educação. Educação escolar, que fique bem claro. Pois este homem, que sustenta quatro crianças mais a esposa, tem um coração tão grande, que às vezes sacrifica o que tem para ajudar outro com mais necessidades.

O dinheiro conquistado diariamente mal dava para pagar as contas e as despesas do lar. A vida não tinha perspectiva de futuro. O hoje era urgente, o amanhã dispensável. Iguais a muitos brasileiros, eles não tinham o atrevimento de sonhar.

Marvin não aguentava assistir àquela luta inglória. Queria ajudar. Mas com um orgulho incompreensível, seu pai recusava. Às vezes rude, pedia para o filho não se intrometer. Que tratasse de estudar. Que ajudasse a mãe ou fosse procurar restos de material de construção para remendar as paredes e o teto da casa.

Mas um dia uma forte chuva veio e acabou com o trabalho de um ano inteiro. Com treze anos de idade o garoto viu a vida mudar. Naquele momento, o peso do mundo estava sobre suas costas. O temporal trouxe todo o morro para dentro do barraco. As paredes frágeis nada puderam fazer para impedir o avanço da terra. Seu pai foi soterrado.

Ainda foi possível ouvir as últimas palavras. Aquele homem no chão e com a mão levantada para o céu lhe implorou por perdão. Também lhe deu um conselho. Pediu para que cuidasse da família. Que agora a história seria com ele. Mas que não chorasse, para não fazê-lo sofrer ainda mais.

Viver, ou melhor, sobreviver, tornou-se ainda mais difícil. Três dias depois de perder o pai ele ainda não sabia o que fazer. Não queria ir à escola. Fato lembrado pela mãe a toda hora. Superado o sofrimento, decidiu trabalhar. Antes de o sol sair ele já trabalhava sem se distrair.

Pensava em mudar de vida. Mas achava que não ia dar pé. Pensava em fugir e rapidamente vinha à memória as palavras do pai. Trabalhou muito. Feito um burro nos campos. Mas todo o esforço do mundo não era capaz de tirá-lo daquela condição miserável. Ter na refeição uma carne, só no dia que roubasse um frango.

A ideia de roubar ficou em sua mente. Em nome da fome ele tomou esse caminho. Sua mãe orava por uma providência divina. A vida de trabalho e alguns crimes não fez o garoto progredir. Dez anos se passaram e tudo continuava da mesma forma. A diferença era que os irmãos estavam crescidos e independentes. Cada um passou a lutar por si. Só que um dia o corpo daquela triste senhora desistiu de lutar. Mesmo com os três irmãos, Marvin sentia-se ainda mais só. Lembrou das palavras do pai e teve forças para não desistir.

Marvin deixou a casa de sua infância. Partiu em busca de um novo destino. Destino esse que seu pai dizia saber de cor. Marvin é mais um brasileiro que não desiste nunca. Ele luta. Mas nunca vencerá.

História baseada na música Marvin, da banda Titãs.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Minha primeira e última leitora

Nas vinte e quatro horas do meu dia, pelo menos uma delas se passa dentro de um ônibus. Quando não ouço involuntariamente um funk, procuro levar na mochila alguma revista ou livro. Apesar dos médicos não aprovarem esta prática de leitura, prefiro isto a ter que ver todos os dias as mesmas vitrines, prédios e engarrafamentos.


Mas em um dia em especial, não tinha nada guardado para ler. Estava conformado em assistir os minutos se passando enquanto o motorista fazia seu itinerário. Só que uma passageira tirou minha atenção. Não, não foram os atributos físicos. O que me atraiu era o jornal que ela estava lendo. O meu jornal. O jornal em que escrevi uma reportagem sobre futebol e um artigo sobre política.


A minha leitora, sentada no banco da frente, tirou da bolsa as oito páginas de matérias com o papel todo amassado. Em quatro partes ela reduziu todo aquele esforço em levar uma notícia isenta e imparcial. Desamassando lentamente o jornal, ela deixou do melhor modo que facilitasse sua leitura. Olhou a capa, vasculhou as chamadas e investiu no conteúdo do noticiário.


Na página dois ela se deparou com o artigo, mas antes se interessou em ler textos concorrentes. Acho que não gostou muito e mirou os olhos em mim, ou melhor, no meu artigo. “Vitória. Venci. Na página dois sou imbatível,” pensei. Infelizmente, alegria de pobre dura pouco. A moça leu por menos de um minuto o artigo e logo foi para a página três.


A terceira página falava do filme Alice no País da Maravilhas. Isto a interessou. A fez gastar boa parte da viagem. Acho que nem por um segundo ela se arrependeu e quis voltar à folha anterior. Minha primeira leitora e a primeira leitora perdida.


Só que eu ainda tinha uma segunda chance. A matéria sobre futebol. A paixão nacional é imbatível, não tem quem não se interesse por esse esporte com vinte e dois homens correndo durante noventa minutos atrás de uma bola. Mas ela não se interessou.


Dobrou com a menor consideração e piedade as oito páginas. Refez as quatro partes de papel e as guardou na bolsa. Esperou mais alguns minutos e deu sinal. Desceu do ônibus e nunca mais a vi.


Talvez na próxima edição eu a reconquiste. Vou sugerir uma pauta sobre cinema ou moda.