
Parado bem no meio da calçada, aquele senhor não conseguia perceber que estava sendo um obstáculo para os que estavam voltando para casa depois de mais um dia de trabalho.
Estava parado ali admirando uma vitrine. Olhava fixo para o mostruário de uma loja de luminárias. O mundo para ele poderia se resumir naquelas inúmeras luzes e alguns objetos decorativos. Só que do outro lado da realidade muitas pessoas sentiam-se incomodadas por terem que desviar não só daquele homem grande parado, mas também da sacola que carregava nas costas.
Aquele saco cheio de trapos podia ser para ele uma casa, ou pelo menos um guarda-roupa. Ali estava guardada a prova de todos os sofrimentos que enfrentou depois que resolveu deixar sua cidade natal, sua família, para tentar a sorte em outro lugar.
Porém, o que acontecia ali, naquele exato momento, era o que acontece diariamente. A maioria das pessoas prefere desviar daquilo que as incomoda ao tentarem consertar o que está errado.
Mas isso não importava àquele homem. Estava imune ao descaso. Estava preparado para não se abater com a realidade que este mundo, ou o sistema- como queiram- impôs a ele. Aquele homem que aparentava uns quarenta anos e de boa saúde permitia-se sonhar.
Ao ver todas aquelas luzes, imaginava o calor e o aconchego. Lembrava da casa que prometeu aos filhos. Uma casa com varanda, muitos quartos, banheiros e uma cozinha farta.
Podia lembrar da beleza do sorriso da filha. De como era bom o abraço da esposa.
Hoje, contenta-se em dividir o mesmo espaço com estranhos. Seu quarto nada mais é do que uma marquise. Isso quando os vigias noturnos não os põem para correr.
Estava parado ali admirando uma vitrine. Olhava fixo para o mostruário de uma loja de luminárias. O mundo para ele poderia se resumir naquelas inúmeras luzes e alguns objetos decorativos. Só que do outro lado da realidade muitas pessoas sentiam-se incomodadas por terem que desviar não só daquele homem grande parado, mas também da sacola que carregava nas costas.
Aquele saco cheio de trapos podia ser para ele uma casa, ou pelo menos um guarda-roupa. Ali estava guardada a prova de todos os sofrimentos que enfrentou depois que resolveu deixar sua cidade natal, sua família, para tentar a sorte em outro lugar.
Porém, o que acontecia ali, naquele exato momento, era o que acontece diariamente. A maioria das pessoas prefere desviar daquilo que as incomoda ao tentarem consertar o que está errado.
Mas isso não importava àquele homem. Estava imune ao descaso. Estava preparado para não se abater com a realidade que este mundo, ou o sistema- como queiram- impôs a ele. Aquele homem que aparentava uns quarenta anos e de boa saúde permitia-se sonhar.
Ao ver todas aquelas luzes, imaginava o calor e o aconchego. Lembrava da casa que prometeu aos filhos. Uma casa com varanda, muitos quartos, banheiros e uma cozinha farta.
Podia lembrar da beleza do sorriso da filha. De como era bom o abraço da esposa.
Hoje, contenta-se em dividir o mesmo espaço com estranhos. Seu quarto nada mais é do que uma marquise. Isso quando os vigias noturnos não os põem para correr.
Às vezes chora ao ver uma criança que provavelmente tem a mesma idade dos filhos que deixou.
Por várias ocasiões quis voltar. Mas ao pensar na decepção que pode causar à família e a todos os conhecidos, na vergonha, desiste. Acredita que se todos estiverem pensando que ele já morreu será melhor. Terão na memória um homem trabalhador, que abdicou de tudo para buscar um futuro melhor para todos que o cercavam.
Talvez seja por isso que olha tão firmemente para as luminárias. Talvez esteja lá aquela luz que muitos dizem ser a do fim do túnel. Pode ser que encontre uma saída, ou não. Mas por enquanto continua admirando a beleza das luzes e o resto do mundo continua olhando atravessado para ele, meio bravos, meio curiosos.
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